O que é a vida?
Para que ela serve?
Eu não sei.
Muitas vezes a unica solução que vejo é a morte.
Depois de tentar a morte mais uma vez, vejo que os comprimidos que tomei não fizeram efeito, os cortes que fiz não foram tão profundos.
Quando a gente pede socorro, muitas vezes não consegue falar. A gente age, a gente tenta, mas ser forte não é facil. Quando a gente pede socorro é por que essa é nossa ultima alternativa. Por que nunca ouve nossos gritos de socorro?
Todos dizem que compreendem, todos dizem que tristeza não é motivo para a morte. E quando não se é triste, quando se é vazio? De que serve uma existencia nula? A morte que eu pedi não me chegou. Minha existencia é nula, não sou nada. O vazio mais completo reina em mim.
E então vem o abandono. Eu estava pedindo socorro, mas ninguem ouviu. Meu pedido de socorro foi ignorado e trocado por coisas que são mais importantes, e fui abandonada. SOCORRO! Eu gritei, eu gritei bem alto. Me ajudem, por favor! Quantas vezes eu não disse isso? Ninguém ouviu.
Quando a gente ouve os gritos dos outros, muitas vezes não ouvem o nosso.
Então veio a dor. A dor do vazio, a dor de uma promessa. O peso de uma vida. a dor do abandono. Eu chorei. Peguei meu estilete, já estava velho. Eu lembro quando o comprei e uma amiga brincou: Não me corta os pulsos com isso, Hein?. Que pena, ela não sabia que eu estava comprando justamente para isso.
A dor dos cortes na verdade é um alivio. Quando não se tem coragem para acabar com a vida, os cortes fazem a dor maior sumir.
Mas dessa vez era diferente. Quando você foi embora eu já estava com uma decisão tomada. Pela primeira vez peguei o estilete com um objetivo que não era a dor apenas. Tomei todos os comprimidos que tinham aqui, todos os antidepressivos.
Um, dois, tres cortes, na vertical, em cima da veia. assim fica mais dificil do sangue coagular.
O sangue começou a jorrar. Ai eu te liguei. Você pediu para eu não fazer nenhuma bobagem, eu já tinha feito. Fiquei com tanta pena de ti que resolvi não te contar.
Para acelerar, cortei também os tornozelos. Mais sangue. Te mandei a mensagem, você tinha de se preparar. Eu senti meu corpo ficar mole e você ligou, uma, duas, tres vezes. Não atendi. Fiquei preocupada com você e te liguei.
Depois Mais cortes, a dor maior não queria parar. Vazio, nada. Então vi que meus pedidos de socorro não foram ouvidos... Coloquei Clarisse para tocar e fechei os olhos. Menti para você, para que não se preocupasse comigo, afinal, nao queria que você ficasse muito desesperado, você não ouviu meu pedido de socorro e não tinha nada que você pudesse fazer.
Decidi que estava na hora de acabar com tudo de uma vez. Cortei a unica veia que sabia que era mortal, na virilha. Pena que meu estilete era muito velho, e ainda estou aqui para contar essa história. Mas eu não desisti, afinal, nunca vão ouvir meu pedido de socorro, e no fundo... Eu te amo, mas não sou correspondida.
Tenho ainda a receita, já escondi. Mais algumas caixas de comprimido e um pouco de bebida e tudo se resolverá.
Adeus, você provavelmente não me verá de novo.
Um comentário:
Dia 23 de Fevereiro de 2011 eu quebrei o hiato de 1 ano do meu blog.
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