
Guilherme nunca conseguiu se adapitar ao colegial, sempre fora muito excluido e nunca se sentiu realmente JUNTO dos outros, sabe quando você se sente meio de lado? Guilherme sentia isso o tempo todo durante o colegial. Na verdade ele sempre se sentiu assim. Não era uma coisa do colegial em si, era algo especial do Guilherme. A solidão, o isolamento e até o bullying que ele sofria eram resultado das atidutes que ele tomava.
Desde pequeno Guilherme era diferente. Enquanto os outros garotos gostavam do futebol, ele preferia os livros, e quando o chamavam para brincar de pega-pega, ele até ia, mas continuava a se sentir a parte da brincadeira, solitário, ele sempre preferia as atividades que pudesse realizar sozinho, com medo de sentir aquele vazio da solidão.
E por medo da solidão, Guilherme se tornou sozinho.
Ele se aproximava das outras pessoas, mas por ser timido, muitas vezes passava por arrogante. Não falava muito, e cresceu falando apenas com os que conhecia bem, aquelas pessoas que mesmo quando ele se sentia isolado, o pegavam pela a mão e preenchiam a sua solidão. Pessoas raras.
Não gostava de muita gente ao seu redor, com o tempo começou a evitar sair com os poucos amigos para lugares com muita gente.
No fundo, Guilherme odiava a solidão, e sentia um grande vazio em si mesmo.
Acontece que um dia de sol - sabe aqueles lindos dias de sol, que só são bonitos, mas são tão quentes que deixam de ser agradáveis? Então, foi num dia desses - ele saiu de casa e se dirigiu ao novo lugar onde ele iria estudar. O colegial acabara e agora ele se preparava para uma nova tortura: a faculdade.
Bom, nesse dia de sol ele pensou em não ir, pois tinha medo do trote e da quantidade de pessoas reunidas em um único local. Mas ele foi, em um impulso de esperança, em uma vontade repentina de mudar, um surto psicótico (sergundo ele) ele foi e agora descia do ônibus meio que vacilante. E o coraçaõ batia tão rápido que era possivel ouvir TUM DUM TUM DUM TUM DUM mas a respiração estava controlada, afinal ele não iria deixar inguém notar o quão assustado estava.
Era muita gente, tanta gente que o gramado da faculdade estava lotado, e isso não era pouca coisa. Guilherme pensou em dar meia volta, mas era tarde demais. O agarraram pelo broço, e começaram a pintar toda a parte do corpo dele, rosto pescoço, roupas, braço - até o ouvido!
- Qual e o teu nome, bixo?
- G-Guilherme.
- Bem vindo!
E ele pensou que não era tão ruim quanto ele pensou que seria... Era pior! Então, quando ele conseguiu se livrar de todas aquelas pessoas e se sentar num canto ele pensou no que tinha dado nele, com certeza havia sido uma loucura ir até lá! E perdido em pensamentos, não percebeu o rapaz que sentou ao seu lado, nem ouviu o que ele havia perguntado. O rapaz o cutucou.
-Hey, bixo! Responde: qual o seu nome?
- Ah! desculpa! M-Meu nome é G-Guilherme.
- Oi, Gui! Vou te chamar assim, ok?
Guilherme ficou meio atordoado, mas po sorriso do rapaz era tão agradável, trazia tanta calma que ele simplesmente respondeu que: Tudo bem...
-Você gosta de que musicas?
-Não sei.
-E qual é seu melhor amigo?
-Não sei.
-Você namora?
-Não.
-Qual seu esporte favorito?
-Não tem.
E as perguntas continuaram, até que o rapaz foi chegando mais perto, mais perto, mais perto. O rapaz tentou beijar Guilherme, mas ele se afastou na hora.
-O que foi isso?- perguntou Guilherme assustado.
-Desculpa, Gui! Foi sem querer, é que te achei tão lindo, e eu to meio chapado, sabe? Me desculpa, mesmo. - e o rapaz parecia tão arrependido que Guilherme o perdoou.
-Mas, qual o seu nome?
-Felipe. - e mais uma vez ele soltou seu sorriso encantador, e mais uma vez o coração de Guilherme foi preenchido de calma e felicidade.
- Bom, Felipe, eu tenho que ir.
-Mas já!
-É, eu tenho muitas coisas para fazer.
-Posso te acompanhar até o ponto?
-Acho melhor não.
-Cara, desculpa mesmo, não vai acontecer de novo, prometo!
- Hum... ok, mas... Não vai acontecer de novo, certo?
-Não partindo de mim.
-O que você quis dizer com isso?
-Deixa para lá- Felipe disse sorrindo - E pode me chamar de Fê.
-F-Fê... - Guilherme murmurou.
Caminharam os dois lado a lado para o ponto, Guilherme em silêncio e Felipe falando muitas coisas, sobre a faculdade, sobre o que ele pensava da vida, sobre festas e sobre filmes e musicas. Guilherme apenas ouvia maravilhado, adimirando cada vez mais aquele rapaz sorridente e tranquilo que estava com ele.
Quando chegaram no ponto, ficaram conversando... Na verdade Felipe ficou falando e Guilherme ouvindo.
-Você é muito tímido, Gui! Tem que ser mais solto, se não as gatas nunca vão se aproximar de você.
-E-Eu não gosto de falar com garotas.
-Você é gay, cara?
-Não!
-Que pena, por que eu sou, e te achei um gatinho.
-P-Para com isso. Não tem graça, eu não gosto desse tipo de brincadeira!
-Não é brincadeira, cara, desde o momento que te vi, gostei de ti, e não vou esconder isso.
-M-Mas você disse que não ia acontecer de novo!
-Não vai. Eu prometi, não é? Confia em mim.
-T-Tá...
-Teu ônibus tá vindo aí.
-Tá. Tchau, Felipe..
-Fê!
-Tchau, Fê.
-Tchau, Gui!
Quando eles apertaram as mãos, Guilherme sentiu um pedaço de papel na mão e o segurou. Felipe lhe deu uma piscadinha e mandou aquele sorriso mais lindoque fez o coração de Guilherme se abalar. Quando ele sentou no banco, abriu o papel, e viu com uma caligrafia meio apressada:
"Que bom que eu te achei, pois sempre me senti muito solitário, e você me traz paz e preenche o vazio que sinto dentro de mim. Acho que vou me apaixonar por você, mas tudo bem, eu sei me controlar. Obrigada de novo. Fê."
E Guilherme chorou.
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