sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Capítulo 1



Capitulo 1

Todos sabem que quando uma família cai em desgraça, é necessário que uma das moças desta família faça um bom casamento, para salvar o nome e as posses de seus pais e irmãos. Nestes casos, mesmo a família mais liberal tende a obrigar a moça a casar-se, mesmo sem amor, o que muitas vezes pode ser, para tal moça, o mesmo que a morte.

A família Guillmorth teve a tristeza de cair na miséria, após Mr. Guillmorth ter falecido, e Mrs. Guillmorth, tendo bem casado seu filho mais velho e sua filha do meio, sobrou para a jovem Eileen salvar a família da miséria. Claro que muitas propostas foram feitas para a moça, mas ela sempre as recusava, e agora, com sua ruína, sua mãe daria sua mão em casamento ao primeiro cavalheiro que á pedisse. Sorte que o primeiro que o fez foi Sir. Edward Winsdorn, um grande amigo da família que, ao saber de sua miséria, fez o possível para ajudá-los, mas seu esforço foi em vão e a única solução foi pedir a mão de Eileen, que recusou de forma persistente, mas em vão.

O casamento foi marcado para o começo do verão, e o vestido foi encomendado e os preparativos foram tomados, todos pagos pela família do noivo. Mas na casa de sir Edward, sua mãe, Lady Winsdorn, era eternamente contra o casamento de seu filho mais velho e herdeiro com uma moça de família ruída e sem nome, por mais que sir Edward insistisse no assunto. Elas se recusava a deixar entrar na propriedade de seu falecido marido uma moça em classe e sem nome, esquecendo-se que ela própria se casara com sir Winsdorn contra a vontade de sua sogra, e que antes deste casamento, estava em situação pior que a de Eileen.

Os dias se passavam, e Eileen os preenchia com caminhadas por Northing Park e aproveitando seus últimos dias no local onde cresceu, vendo as belas árvores nas quais tanto brincara, o lago, e a cada local conhecido e amado, lágrimas de tristeza e rancor eram derramadas. Certo dia, em uma destas caminhadas, uma forte chuva abateu sobre Northing Park, e, sua mãe preocupada com a filha que não estava em casa e procurando-a por todos os cômodos da casa, pediu para que chamassem sir Edward, pois precisava de ajuda. Sir Edward veio correndo, e assim que chegou perguntou onde ela costumava ir, sua mãe prontamente respondeu: “Ela sempre gostou muito de andar pela propriedade... Ah! Meu deus, é isso sir Edward, ela certamente está andando pela propriedade!”

Sir Edward, assim que ouviu tal declaração saiu em disparo pela porta, atrás de Eileen, e quando a encontrou, a moça estava sentada debaixo de uma arvore, á beira do lago, com as roupas encharcadas, e chorando. Chocado com a cena que era certamente muito bela, mas extremamente triste, esperou uns minutos, e quando ela lhe voltou o olhar, ele se dirigiu ao lago. Miss. Guillmorth notara que sir Edward estava muito molhado e cansado, e deduziu, portanto que ele a estivera procurando, e sentiu-se agradecida por isso, mas logo lembrou-se de que aquele era o homem que a tiraria de sua amada casa, que a levaria para um local onde ela nunca estivera, que a tiraria da mãe pouco depois de seu aniversário de quinze anos, era ele o homem desprezível que a arrancaria de seu sonho de se casar por amor, assim como sua irmã, e ao se lembrar de tudo isso, um ódio amargo surgiu no local da gratidão, e transpareceu em sua face. Com medo que a moça se resfriasse, sir Edward sugeriu que ela voltasse para junto da família que estava preocupada com sua saúde, mas toda sua gentileza foi dispensada com a seguinte frase: “Obrigada, caro senhor, mas acho que se estivesses realmente querendo que eu estivesse com meus entes queridos, não obrigar-me-ia a casar contigo.”

“mas, senhorita” ele tentou justificar “fiz tal ato para que não se casasse com um completo desconhe-“, mas neste instante, um forte trovão abalou o céu, fazendo Eileen tremer, e sir Edward temer mais ainda por sua saúde.

“Não voltará para o lar?” ele questionou.

“Não pretendo, não até que a chuva passe.” Então o cavalheiro se moveu para junto de sua noiva e a ergueu nos braços.

“Não vais por bem, há de ir por mal.” E assim, mesmo diante de protestos da dama, eles seguiram o caminho inteiro até a casa, onde Mrs. Guillmorth se encarregou de levar a filha para tomar um banho quente e pediu roupas frescas para o cavalheiro que achara sua filha. Durante o banho, Eileen pensou que talvez, apenas talvez, sir Edward não fosse de todo mal, que talvez ele pudesse, realmente, querer apenas ajudar sua família, e quem sabe, se não estivesse prestes a se casar com tal cavalheiro, por obrigação, ela poderia começar a admirá-lo.



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